Entrevista João Mendonça

Lembro me como se fosse hoje, um rapaz franzino, chamado João Mendonça de Santo-André mas que rapidamente começou a destacar-se pela sua pica para skatar e a sua humildade.

Esta entrevista vai dar-nos a conhecer um pouco mais deste rapaz que, apesar de ainda ter os seus 18 anitos, já conta com um elevado nível de técnica e muito à vontade no street.


1 - Ora bem, antes de mais, conta-nos um pouco a tua história. Como foi o teu primeiro contacto com o skate? Como tudo começou? Há quantos anos praticas a modalidade?

Olá, ora bem, eu nasci como qualquer pessoa normal, um pouco franzino, tive uma boa infacia, brincava e tal, e já tinha um skate de plástico todo podre. Pr’aí aos 7 ou 8 anos conheci o agora marido da minha irmã, o Fred, que é um skater da velha guarda, que me ofereceu um skate completo. Foi lindo! Adorei aquele skate. No segundo dia de uso, armado em parvo, parti o braço. Parei pr’aí uns 4 meses, e o Fred na minha casa ficou com más referências como é óbvio lol. Agora é a coisa que mais gosto de fazer, mesmo.
Ando prai à uns 6, 9 ou 12 anos.


2 - Que influência achaste que essa pessoa teve para começares a skatar todos os dias e a dedicares tantas horas à modalidade?

No inicio só podia andar quando ia com ele, mas depois com o passar do tempo, os meus pais começaram a ver que eu gostava mesmo do skate e começaram a deixar-me ir sozinho. Ele estava sempre a ensinar-me toques, eu olhava para ele e pensava “um dia vou andar assim”, agora o Fred é um menino que mal anda hehe, mas é um grande mesmo grande amigo.


3 - Quando começaste a skatar, senti que na altura eras muito reservado. Esboçavas
um pequeno sorriso de vez em quando, mas parecia que não tinhas grande à vontade com o pessoal. A que se deu essa mudança radical?

Fogo que sentimental, eu sou um esboçador de sorrisos no inicio lol, epa sei lá meu, com o tempo é natural que as pessoas ganhem mais confiança, mas ya agora sou o chefe da tropa (desmanchar a rir) lol.


4 - Hoje em dia, já és dos skaters de maior destaque na zona do litoral alentejano.
Como explicas a tua rápida evolução num tão curto espaço de tempo?

Eu sei, eu sei, não foi fácil, muito esforço, muito empenho, haha estou a gozar.
Epa eu nunca andei de skate para ser o melhor, ou para ganhar alguma coisa, eu divirto-me bue a andar de skate, sinto-me bem, nunca paro tenho uma pica infinita, é natural que, com isto as manobras novas vão surgindo naturalmente.


5 - Sei que és mais apreciador de Street do que skate park. A que se deve isso? O
que é que o Street te proporciona e o que sentes que o skate park não te proporciona?

É verdade que prefiro andar em street, mas também adoro andar num bom skatepark, não no de Santo André…
Não há nada como andar em obstáculos que não foram feitos para o skate, dá-me muito mais pica, não sei porquê, se calhar é parvoíce.


6 - Que tipo de Som te inspira para skatar, ou o que costumas ouvir no teu iPod enquanto skatas? Visto que, enquanto skatamos juntos, bem tento comunicar contigo, e a primeira coisa que me dizes é “Ahn? O quÊ?”.

O pessoal daqui quer é rock. Eu ouço sons que me dêem pica, alguns de filmes de skate, outros que descubro eu, adoro musica electrónica. Mas é uma triste realidade, já não consigo skatar sem ouvir musica, é um vicio, mas é melhor do que se depilasse as pernas ou talvez não, quando estou a andar, estou bue concentrado e o som ajuda-me bastante.



7 - Actualmente, não temos um skate park para podermos treinar à vontade, como lidas com isso? Achas que isso também é um dos factores que te deixa menos à vontade para lidar com skateparks num campeonato?

É a única coisa que falta em Santo André para ficar uma cidade perfeita para mim! Um bom skatepark. Acho que sim, não ando diariamente em skatepark, mas também não me preocupo minimamente com isso, quero é skatar.


8 - Tive conhecimento da tour em Bragança no qual tu foste representar a team do Marteleira, como correu? Gostaste da experiência?

Correu bem, foi uma grande viagem, 11 horas para lá chegar.. lol, mas foi lindo, grandes skatadas, jantaradas, noitadas. Foi só filmes, como sempre acontece quando se juntam skaters. Posso contar-te um, chegamos a Bragança, de madrugada, e estava um pessoal à nossa espera, inclusive um miúdo a que nos perguntamos, “olha não tens ai umas gajas para nos conhecermos?” ele respondeu isto: “ Epa por acaso até tenho uma, a minha irmã.” lol


9 - Como está a situação a nível de apoios?Estás satisfeito?

Completamente satisfeito não estou, tenho o apoio do Marteleira, ora me dá coisas, ora me faz desconto, mas estou contente ele ajuda-me muito, é o boss. E o Bruno da number nine, é outro boss, posso contar com ele para tudo.


10 - Neste momento temos uma nova skate shop, #9 que actualmente te apoia. Que impacto é que sentes que teve com a abertura desta nova loja?Não sentes que as coisas começaram a ganhar um novo rumo?

Começaram, completamente, começaram a surgir novos skaters, novos campeonatos, ajuntamentos de skaters por qualquer motivo, é muito bom para Santo André, pois a Skate Shop mais perto é só em Setúbal…
É bom também para os reis da Camara Municipal e da Junta de Freguesia verem que existe movimento, e que Santo André é uma Meca do skate nacional, e eles sabem muito bem disso, só falta mesmo é as mãos à obra.


11 - Fora do mundo skate, sei que adoras animais, nomeadamente gatos e que adoptas nomes bastante castiços aos mesmos? Como nasceu essa paixão?

Como nasceu não sei bem, mas sempre tive gatos desde que nasci adoro-os a todos, agora só tenho dois, o Tino e o Riscas, mas já tive muitos, a Mantorras, o Gordo, o Camões (sim ele não tinha mesmo um olho), o Rolinho, o Gepeto, e o Caturra. (Desmanchar a rir)


12 - Tirando isso, que fazes para além de skate?

Acabei o 12º ano no Curso de Electronica Automação e Instrumentação, neste momento estou a fazer Matematica, e Fisico Quimica para entrar na faculdade, estou a tirar a carta também. Para além disso, estou com amigos, sair à noite e faço meditação, normal.


13 - Após esta entrevista, gostarias de agradecer a alguém?

Não, Obrigado, queria só agradecer primeiro aos que me vou esquecer, depois, PAI E MAE, manas, master Fred, master Rosi, a todos os skaters, Fili, Xico, Bini, Silva, Caturra, Lucas, Jimi, Rudri, Nato, Gonzo, Pilim, ao Trindade, ao Jony das bikes, à Iolanda, à Sara, e à Filipa.
Por fim ao Bruno #9 e ao Marteleira.



Fotos: Ricardo Trindade; Entrevista por Francisco Andrade e Filipa